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ABA para autismo: um guia simples para os primeiros 90 dias pós-diagnóstico

ABA para autismo: um guia simples para os primeiros 90 dias pós-diagnóstico
Receber o diagnóstico de autismo pode transformar a vida da família em poucos minutos. De um lado, surgem novos termos médicos, laudos, encaminhamentos e siglas nunca vistas. Do outro, o seu filho segue sendo o mesmo, com o mesmo jeito único.

Nos primeiros meses, é muito comum sentir:
  • Medo do futuro: “Meu filho vai falar? Vai ter amigos? Vai estudar?”
  • Culpa: “Será que demorei para perceber? Fiz algo errado?”
  • Confusão: cada profissional orienta de um jeito, a internet diz outra coisa.
  • Pressa: a sensação de que cada dia “sem agir” é uma oportunidade perdida.

No meio desse turbilhão, quase sempre aparece um nome: ABA (Análise do Comportamento Aplicada). Mesmo assim, poucas pessoas explicam o que isso significa de forma simples, humana e respeitosa.

Este texto é para quem:
  • Busca informações claras e confiáveis.
  • Quer entender o que é ABA, por que ela é tão indicada, como se relaciona com outras terapias e de que forma pode ajudar a criança e a família.
  • A intenção é que, ao final da leitura, você consiga respirar fundo e pensar: “Ainda é difícil, mas agora eu sei por onde começar.”

Ciência: o que é ABA e para que serve
ABA (Análise do Comportamento Aplicada) é uma ciência que estuda como o ambiente influencia os comportamentos e usa esse conhecimento para ensinar habilidades de forma estruturada, repetida e personalizada.

Em outras palavras, a ABA ajuda a entender por que certos comportamentos acontecem e como construir, passo a passo, novas formas de agir e se comunicar.

Alguns pontos importantes:
  • Diferente da ideia de “treino de robô”, a ABA, quando bem-feita, respeita o tempo, as preferências e a forma de comunicação da criança.
  • Não é apenas “sentar na mesinha” e repetir tarefas o tempo todo.
  • O foco não é “normalizar” a criança. O objetivo é promover autonomia, dignidade e qualidade de vida, em linha com as recomendações éticas atuais.
Na prática, os profissionais utilizam ABA para:
  • Compreender as causas dos comportamentos, como crises, falta de contato visual, dificuldades de interação.
  • Ensinar formas mais adequadas de a criança expressar o que precisa.
  • Reforçar pequenas conquistas, para que a evolução aconteça de forma progressiva.
Sobre a evidência científica:
  • ABA é uma das abordagens mais estudadas, com benefícios comprovados em comunicação, autonomia e habilidades sociais, especialmente quando iniciada cedo e ajustada às características de cada criança.
  • Outros métodos e especialidades podem e devem ser integrados ao cuidado, como fonoaudiologia, terapia ocupacional e acompanhamento pedagógico.
  • A escolha das abordagens deve ser feita em conjunto com uma equipe transdisciplinar e sempre respeitando o perfil do aprendiz.
  • Revisões recentes destacam que o número de horas de terapia precisa ser adaptado, evitando sobrecarga; intervenções personalizadas tendem a trazer melhores resultados do que protocolos rígidos.
  • Avaliações regulares são indispensáveis para medir o progresso e, quando necessário, revisar a estratégia.

Primeiros passos práticos: 7 etapas essenciais
A seguir, um roteiro que pode ajudar a organizar os primeiros meses após o diagnóstico.

1. Cuidar do emocional da família

Antes de qualquer plano terapêutico, é importante olhar para quem cuida.
  • Busque uma ou duas fontes confiáveis de informação. Isso reduz a sensação de estar “afogado” em conteúdos contraditórios.
  • Anote suas dúvidas em um lugar só. Isso ajuda a organizar o pensamento.
  • Permita-se sentir. Medo, tristeza, raiva e até alívio são reações comuns.
  • Procure profissionais que acolham sua história e escutem suas prioridades, não apenas listem procedimentos.

O seu bem-estar é parte essencial do cuidado com o seu filho. Pais exaustos e culpados têm mais dificuldade para decidir e para sustentar uma rotina de intervenção a longo prazo.


2. Avaliação comportamental detalhada

ABA responsável não começa “aplicando técnicas”. Começa entendendo quem é essa criança, neste momento.

A avaliação costuma incluir:
  • Compreensão da rotina: o que a criança gosta, o que evita, quais situações mais provocam crises, como pede ajuda hoje.
  • Observação direta das interações: como ela reage a chamadas pelo nome, como brinca sozinha e com outras pessoas, como responde a mudanças na rotina.
  • Organização dessas informações em um “raio-X comportamental”, apresentado em linguagem acessível à família.
  • Esse retrato inicial é o que vai orientar a escolha das metas e estratégias mais adequadas.

3. Metas claras, realistas e flexíveis

Sem metas definidas, a sensação é de caminhar muito e não saber se algo está, de fato, mudando.

Alguns exemplos de metas para o início da intervenção:
  • Aumentar o contato visual durante brincadeiras prazerosas.
  • Ensinar a apontar para pedir algo.
  • Reduzir crises na hora do banho.
  • Ampliar o tempo sentado à mesa durante as refeições.

Essas metas precisam sempre equilibrar três pontos:
  • O que a ciência indica como importante.
  • A rotina e as prioridades reais da família.
  • O desenvolvimento da autonomia e da dignidade da criança.

Também é fundamental que sejam metas flexíveis. À medida que a criança evolui ou que a realidade da família muda, os objetivos podem ser ajustados.

 4. Plano de intervenção personalizado

Com as metas definidas, constrói-se o plano de intervenção.

Nesse plano entram:
  • Quais habilidades serão trabalhadas primeiro.
  • Que tipos de reforço funcionam melhor com a criança (brinquedos, atividades preferidas, elogios, músicas).
  • Como integrar os objetivos terapêuticos à rotina em casa e, sempre que possível, à escola.
Por exemplo:

Se a meta é reduzir crises quando o uso de telas termina, o plano pode incluir:
  • o uso de contagens visuais para avisar que o tempo está acabando;
  • a oferta de uma atividade interessante logo depois;
  • uma combinação clara com a família sobre regras de uso de telas.

Os profissionais devem explicar cada passo desse plano de maneira clara, para que os pais entendam o que está sendo feito e por quê.

5. Terapia integrada ao cotidiano

Para que a ABA funcione de verdade, o aprendizado não pode ficar preso à sala de atendimento.

É importante:
  • Reforçar em casa o que é ensinado na clínica, com orientações simples e objetivas.
  • Transformar momentos do dia, como banho, refeição e brincadeira, em oportunidades de aprendizado e comunicação.
  • Ver a família como parte ativa do processo, e não como espectadora.

Quando a clínica e a casa caminham juntas, as chances de generalização das habilidades aumentam bastante.

 6. Treinamento parental acessível

Pais não precisam “virar terapeutas”, mas se beneficiam muito quando recebem orientação clara e prática.

Um bom treinamento parental costuma incluir:
  • Explicações sem excesso de jargões, com linguagem do dia a dia.
  • Materiais do tipo “passo a passo para…”, por exemplo: como reagir durante uma crise sem reforçar o comportamento, como incentivar a criança a olhar para você em situações prazerosas.
  • Um espaço seguro para fazer perguntas, falar sobre angústias e relatar o que tem dado certo e o que tem sido difícil.

A parceria entre família e profissionais tende a potencializar os resultados.
Quando todos entendem o plano e caminham na mesma direção, o processo fica mais leve e mais coerente.

7. Monitoramento e adaptações constantes

ABA não é um pacote fixo que se aplica da mesma forma para todas as crianças.

Por isso:
  • Cada avanço é registrado e compartilhado com a família.
  • São observados a frequência das conquistas, a duração dos comportamentos, os fatores que ajudaram ou atrapalharam.
  • Relatórios e gráficos simples ajudam os pais a visualizar o progresso e entender por que o plano está sendo mantido ou modificado.

É importante lembrar:
  • Resultados variam de criança para criança.
  • Nem todos evoluem no mesmo ritmo, e isso não significa fracasso.
  • Ajustar metas e expectativas ao longo do caminho faz parte de um tratamento responsável.

A ideia não é correr. É construir um caminho seguro, sustentável e respeitoso.

Experiência

Marina e Paulo* receberam o diagnóstico de TEA do filho, Leo, de 3 anos, há dois meses. Ele não falava e tinha crises intensas na hora das refeições.

No CEDIN, foi construído um roteiro personalizado:
  • Sessões de ABA com foco em comunicação funcional.
  • Treinamento dos pais especificamente para os momentos de refeição.
  • Orientações para transformar rotinas diárias em oportunidades de aprendizado.

Após dois meses, Marina relata:

“Ele começou a apontar em vez de só chorar. A refeição é menos caótica.
Eu me sinto menos culpada, porque entendo melhor o que fazer.”

O Leo continua sendo o mesmo menino, com seu jeito e suas características.
A diferença é que agora família e profissionais caminham juntos, com metas claras, apoio integral e um plano que faz sentido para todos.

*História fictícia, usada apenas para ilustrar a experiência.

Para finalizar


Nos primeiros 90 dias pós-diagnóstico, você não precisa resolver tudo de uma vez. Mas é muito importante dar o próximo passo com cuidado e informação de qualidade.

ABA baseada em evidências, aplicada com respeito e integrada a outras terapias, pode ser uma grande aliada na autonomia e na qualidade de vida do seu filho.

Quando o plano é personalizado, adaptado às necessidades da criança e à realidade da família, os ganhos tendem a ser mais significativos e sustentáveis.

No CEDIN:
  • A avaliação é cuidadosa e transdisciplinar.
  • O plano é construído de forma personalizada.
  • A escuta e o apoio vêm antes da técnica.

O próximo passo pode ser simples: uma conversa inicial, sem pressa, para ouvir a sua história e, juntos, pensar nas melhores escolhas para o seu filho e para a sua família.

Se isso fizer sentido para você agora, estamos aqui para acolher e orientar.

Fale com a nossa equipe pelo WhatsApp: (41) 99920-6075. « Voltar